Crise de saúde mental no trabalho atinge níveis alarmantes, apontam dados do INSS

Dados exclusivos do Ministério da Previdência Social, obtidos pelo G1, revelam um cenário preocupante: Em 2024, quase meio milhão de trabalhadores foram afastados por transtornos mentais, um aumento de 68% em relação ao ano anterior. Esse é o maior número registrado na última década, evidenciando uma crise de saúde mental que impacta diretamente a vida dos trabalhadores e das empresas.

É urgente que se tomem medidas para garantir ambientes de trabalho mais saudáveis e humanizados. Os dados mostram que, em 2024, foram concedidas 472.328 licenças médicas por questões de saúde mental, com destaque para quadros de ansiedade e depressão. A maioria dos afastamentos envolve mulheres (64%), com idade média de 41 anos, que passam até três meses longe do trabalho.

Na reportagem do G1, a pesquisadora Thatiana Cappellano, especialista em transtornos mentais no contexto laboral, ressalta que a pandemia por Covid-19 agravou ambientes de trabalho já tóxicos, sobrecarregando os trabalhadores. “Muitos continuam operando no mesmo ritmo acelerado, sem a estrutura física e psíquica necessária para suportar essa pressão”, afirma.

Em contrapartida, há movimentos do poder público, como a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que inclui a fiscalização de riscos psicossociais. Trata-se de um avanço, porém ainda insuficiente. Faltam ações concretas das empresas empregadoras, como a redução de jornadas extensas, o combate ao assédio moral e a implementação de políticas de suporte psicológico. 

“É inadmissível que os trabalhadores sejam submetidos a condições que comprometem sua saúde mental. As empresas precisam assumir sua responsabilidade e garantir ambientes dignos e seguros”,  afirma a presidente do Sinecop-RJ, Vanessa Perez. 

O sindicato também destaca a importância da mobilização coletiva para pressionar por mudanças. “A luta por direitos trabalhistas e por condições dignas de trabalho é fundamental para reverter esse cenário. Não podemos aceitar que a saúde mental dos trabalhadores seja tratada como um problema secundário”, completa Vanessa.

Fonte: Dados do Ministério da Previdência Social, obtidos pelo G1 (https://g1.globo.com)